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sábado, 30 de janeiro de 2016

Lembranças de 1835


Sabe eu nasci em um tempo diferente desse, tinha guerras entre as cidades, um novo povo se formou para conquistar seu espaço, eles tinham suas crenças, serviam a Allan outros a divindades diversas, eles lutaram, muitos morreram e muitos venceram,eu  morava numa fazenda e meu pai era muito cruel, a minha mãe morreu quando nasci,a minha outra irmã era mas velha que eu,ela  era estranha e aprontava muito comigo,meu pai a castigava mas ela tinha um gênio pior que o dele,eu a defendia mesmo ela sendo assim, brincávamos mas ela me chamava de bruxa,eu não me importava com isso, amava borboletas e ela para me ferir matava, um dia ela me amarrou numa árvore brincando e falou vou queimar a bruxinha branca e colocou fogo, comecei a gritar ela correu e pegou um balde com água, mas meu pai apareceu e me salvou, deu uma surra grande nela e a trancou no quarto proibiu que desse comida a ela, mas quando ele saiu para as reuniões que sempre ia,eu fui na porta e a ouvi chorar, falei com ela e ela disse que foi brincadeira e me fez prometer que nunca deixasse ela,eu prometi e ela disse que mesmo se morresse ficaria comigo,peguei um prato escondido e coloquei comida, a ba me ajudou e ela comeu e me abraçou, quando meu pai chegou pegou um cinto para bater nela eu me Atravessei na frente e ele saiu,eu gritei aí de quem tocar nela eu morro com ela.Quando eu tinha oito anos eu via um homem uns anos mais velho que eu , ele rodeava a fazenda e eu achava ele lindo parecia que já o conhecia, um dia eu brincando com meu cachorro malhado o vi e gritei por ele,eu disse, um dia vou casar com você, ele sorrindo falou, não caso com criança não, e começou a rir,eu não sabia que ele era o pior inimigo do meu pai não,eu falei por inocência não sei, mas o tempo passou e a minha irmã falava:
__  Eu que vou casar com ele, você é muito magrinha e sem graça e nem cresce, eu estou maior que você e linda.
Eu ria e brincávamos, um dia ele apareceu sempre no cavalo negro, eu corri ele me deu um saquinho de balas, ela falou:
__  E as minhas.
 Ele disse:
__  Ela dá a você também.
 Ele achava graça em mim e ela não gostava, ele disse que ia passar um tempo sem aparecer, eu disse:
__ você vai casar?
 Ele respondeu:
__ Não, estou lutando pelo meu povo, um dia você entenderá:
__  Eu disse:
__  Não gosto do que fazem com os escravos.
 A minha irmã disse:
__  Ela é amiga dos negrinhos africanos.
__  Ele disse:
__ Que bom, ela é minha amiga.
 Quando ele saiu, mesmo criança perdi a vontade de fazer muitas coisas. Olhava da janela, mas não o via, um dia na hora do almoço meu pai falou:
__ Você já está na hora de se casar.
 Mas eu falei:
__  Mas só tenho treze anos.
__ Eu casei com sua mãe e ela tinha quatorze, besteira vou lhe apresentar ao filho do coronel Gonçalves.
Eu mas uma vez respondi:
__ Mas a minha irmã, mas velha é que deve casar primeiro, eu não quero.
__   Mas a sua irmã vai para o convento, já decidi, quem já viu colocar fogo na irmã?
__  Mas éramos crianças, ela não sabia o que estava fazendo não.
__ Eu já falei que vou lhe apresentar, subam para seus quartos.
Fiquei na janela e você não aparecia, eu chorava que soluçava, mas completei quatorze anos e já tinha sido apresentada, mas eu resisti não beijava nem o rosto dele, um dia quando fui ao moinho vê moendo milho ouvi algo diferente, quando saí bem atrás das árvores, estava aquele homem conversando com minha irmã, quando ele me viu começou a rir e eu também, ele disse:
__  A borboleta saiu do casulo e se transformou numa linda borboleta.
Eu disse:
__  Atrapalhei a conversa de vocês, vou para casa.
Ele gritou engraçado:
__  Fique pelo amor de Allah.
 A minha irmã foi logo falando:
__  Ela não pode conversar com você, tem namorado agora.
 Ele disse:
__  Já, mas você falou que ia me esperar!
__  Eu  tenho quatorze anos e não tenho não, meu pai quer que eu case, mas eu não quero.
__  Mas veja como ela é má, e eu que vou para um convento.
__  Porque você vai para o convento?
__  Essa magricela apronta e coloca a culpa em mim, fala para ela que você vai namorar e casar comigo fala.
__ Não eu não vou namorar você não, prometi casar um dia com uma menina que me pediu para esperar ela completar quinze anos e estou esperando, mesmo sendo mais velho que ela.
__  E quem foi essa?
 __ A minha rainha, minha borboleta.
Minha irmã saiu irada dali, pedi para ele sair dali meu pai podia aparecer, ele disse:
__Te espero no rio.
Eu  fui e chegando lá conversamos muito, brincávamos de se esconder, o tempo passou ,o meu amor foi dele,eu estava grávida e escondia de todos, mas eu tinha dons e sabia que eram gêmeos, mas o destino foi cruel, tudo que lembro foi que numa brincadeira de esconde,esconde,bateram na minha cabeça e eu abri os olhos, e me vi caída no chão e corri. Passei numa escuridão, vi coisas que prefiro não relatar, mas ouvi. Passei numa escuridão, vi coisas que prefiro não relatar, mas ouvi uma voz siga a luz ,eu sai num lugar lindo, tinha um senhor lindo que conversou comigo tentando me acalmar, mas eu queria voltar, não aceitava nada, por um momento eu voltei e o vi me enterrando. Meu pai o acusando, a minha irmã morreu primeiro que eu,foi encontrada no rochedo do rio que eu chamava de pedra, morta ,sofria ao vê-lo chorando, tentava tocar no seu rosto mas ele não me via, voltei para o meu novo lugar. Tinha muitas pessoas,crianças,eu vivia sozinha, só falava com esse senhor e com uma moça de olhos verdes claros, ela morena .O tempo passou eu pedia uma nova chance, um dia quando voltei o vi sentado num banco triste com urna flor branca na mão e chamando meu nome,eu tocava nele por um instante ele falou:
__ Sinto que você está comigo meu amor.
Eu só não entendi quem era a criança loirinha que estava perto dele, mas em outra volta minha, eu o encontrei caído no chão morto de tiro, não pude salva-lo, saí triste dali e prometeram que teríamos uma nova chance. Mas que as lembranças iriam me atormentar muito e me atormentam sim, preciso de respostas logo!


Kátia Cilene

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