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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Mas uma vez me encontro 1835

Mas uma vez me encontro naquele lugar, tudo como antes e um brilho no meu olhar quando vejo na minha frente aquele que um dia eu tive o prazer de conhecer e amar, mas ele não me vê vejo meu passado passando pelo meu futuro igual a televisão, sigo cada passo dele sem que ele me sinta afinal ainda estou ali faço parte da sua vida,esculto vozes só eu que me aproximo e dele tiro risos naquele rosto tão sério, começo a beija-lo e sentir o seu cheiro em mim,lá eu estava feliz mas aqui no meu futuro eu me encontro triste por saber que não posso mas voltar, mas quando falo para aquele que viveu comigo lá e era meu grande amor, o mesmo fala que tem certeza que tudo aconteceu em Salvador Bahia e eu começo a lembrar mas e mas daquele lugar, se eu tivesse a chance de está lá, a fazenda ,o cheiro das plantas, das árvores, o rio que as águas eram cristalinas e eu podia vê uma pedra no meio dele, os pássaros de todas as cores, a estradinha de terra que ficava em frente da minha fazenda, as pessoas que ali trabalhavam que para mim eram a minha família e não escravos, o meu quarto simples mas bem limpinho cuidado pela minha adorada bá,a janela com as cortinas, cortinas embranquecidas que voavam com o vento fresco e gostoso  dias que eu passava a olhar o movimento lá fora e as noites que tentei defender muitos das crueldades do meu pai coronel,eu queria lembrar seu nome, não consigo ainda e quando tento a minha cabeça dói muito aqui no meu futuro,eu consigo lembrar de uma amiga que era a minha prima eu acho que a chamava de Lia, não tenho bem certeza depois que a minha irmã foi encontrada morta no rio, minha prima se aproximou de mim consigo lembrar aos poucos de alguma coisa até chegar no que eu mais quero, descobrir quem me matou palavra forte que me choca e me faz sofrer, deveria existir um castigo muito forte e diferente para todos aqueles que impede o caminhar das pessoas aqui na terra, muitos falam que morrem porque chegou a hora, mas eu que passei pelo vale da sombra da morte discordo , só Deus pode determinar o tempo de cada um e muitas vezes nos vamos antes do tempo, aquela  pancada na minha cabeça é difícil de esquecer,eu choro, sofro e não tenho ajuda porque muitos me acham louca de pensar assim, se eu tivesse ajuda chegaria lá naquele lugar, não consigo esquecer que ouvia falar na fazenda Rio Doce se eu a encontrasse poderia saber muito mais, será que ela existiu mesmo naquela época? Fica a dúvida mas vou descobrir eu sei que chegarei  lá no meu objetivo eu voltei para seguir meu percurso, encontrar aquele que era meu amor verdadeiro e sei que aqui já encontrei no meu futuro, posso vê a pancada de chuva naquele momento, as gotas batendo na minha janela aquele cheirinho de terra molhada, e veio a mente que você poderia ser o que naquela época para meu pai te odiar tanto assim, naquele tempo os brancos não eram alfabetizados, já os africanos mulçumanos sim e até ensinavam aos outros, e respeitavam muito vocês faziam reuniões em quartos,becos,na casa de alguém muitas vezes se encontravam mas será que eras escravo rico e livre, gostaria de lembrar de tudo porque teu sorriso, teu olhar não sai do meu pensamento, a noite tudo escuro mas a paz naquele lugar não reinava não,eu deitava e pensava em um lugar sereno e calmo, pois ali só tinha violência,gritarias,até as crianças ajudavam a catar feijão e eu ficava só olhando sem ter o que fazer e meu pai ainda me olhava e falava:
__ Está com peninha deles, vai ajudar também, agora vá para seu quarto antes que fique resfriada.
Eu não dormia direito, já pensando no novo amanhecer,a chuva almentou e ouvi um assobio, cheguei na janela era você, comecei a rir da tua loucura e da tua valentia, ficava mandando ir embora dali logo e fazias coisas engraçadas só meu amor tirava um sorriso dos meus lábios, já que eu era triste nunca estava feliz, já acordada eu podia vê meu café delicioso da manhã, também via o sofrimento dos escravos e muitas vezes nem comia preferia sair e ir passear. Meu pai chegou e falou de uma festa que aconteceria na cidade e eu logo falei:
__ E agora papai estou tão fraca, acho que não estou me sentindo bem.
__ Certo, fique em casa e descanse eu avisei que iria adoecer, mas só sabe viver naquele rio, já sabe o que houve deixe de ir ali é só um aviso.
__ Está certo papai, vou deitar novamente não estou bem não.
E subi as escadas e logo minha bá falou:
__ Minha filha porque só vive trancada aqui no quarto, está branca demais vá pegar uma corsinha menina.
__ Não bá assim que meu pai sair me avise que vou sair sim.
__ Se teu pai pegar vocês dois ,eu nem quero imaginar o que vai acontecer.
__ Não importa minha linda bá ,eu só quero vê meu indiozinho lindo, agora diga bá ele parece um índio já percebesses?
__ Eu não sei de nada, vou passar as roupas que a tal festinha é uma reunião, com certeza para decidirem o nosso destino se é que temos um, essa reunião vai ser a tardezinha não me digas que vai entrar na mata essas horas menina?
__ Vou sim bá,por ele faço qualquer coisa,eu não me importo com nada só com o nosso amor.
Quando ela saiu do meu quarto fiquei a pensar em muitas coisas, interessante como as coisas ocorriam rápidas demais ,eu aqui no meu futuro falando de um passado que vejo passar na minha mente, a tarde chegou vesti uma vestido cheio de acho que era náguas,coisas daquele tempo, meu chapéu não me separava dele e nem das minhas luvas, sai correndo e pulei a porteira, ao chegar perto do rio ouvi um assobio mas já reconheci a voz e comecei a rir sozinha, dai aparecesses e me abraçou forte e eu te beijei tão forte que falasses:
__ Está me sufocando minha ha bibe.
Eu ria sem parar e dessa vez  você que me beijava bem forte.
Eu falava a mesma coisa que falavas comigo, éramos tão amigos sentei no teu colo e me contavas tantas coisas, segredos a confiança era muito grande naquele nosso amor, sabe agora eu me lembro da poesia que fiz aqui no meu futuro eu já tinha te falado antes.
E assim sem você, tomarei o triste cálice da morte e com o vinho me embriagarei ,cairei ao relento e ali cessarão todas as minhas forças, e não mais se ouvirá as  batidas  do meu coração,
Que nesse momento parou de tanta solidão, naquele lugar violento que não suporto mais, só trás dor e tormento meu amor é com você que eu quero ficar.
__ Não, nunca mais fale assim o que seria de mim se morresses?
Eu seria apenas uma lembrança e nada mais, afinal tudo conspira para o nosso fim ou não acreditas em mim?
__ Acredito ainda mais no amor que eu sinto por te querida, nunca mais fale isso por te eu atravessaria o mundo mas te encontraria mesmo que fosse em outro lugar, mas agora pare de falar e me dê do teu amor estou me sentindo só preciso te sentir.
Ali junto ao rio correndo perigo, ficávamos a nos amar e mais uma vez quando eu já ia saindo mais uma vez te falava:
__ Sem você tomarei...
Não terminava fechavas com as mãos a minha boca e pedias que eu parasse.
__ Sabe querida não quero que fales mais assim tenho muitas coisas para resolver, Salvador se transformou num terror a Bahia nem se fala, sabes que não somos daqui e tudo que eu tenho consegui com muita luta e esforço, um dia falo mais de mim para você e espero que me queiras ainda.
__Seja o que for eu nunca te deixarei meu eterno amor, choro só de pensar que posso te perder, lute por mim nunca desista de mim e quer saber acredito em outra vida após essa sim, sabes que sim me calo porque me pedisses para me calar, mas sei que um dia eu não vou aguentar eu só quero te amar e se não for aqui nesse tempo que seja em outro, mas pelo que vejo até em outra época irão nos perseguir mas sangue quente com és sei que de mim nunca vais desistir.
__ Querida pare de pensar assim vá para casa, antes que teu pai volte e dê por falta da filha dele, vá nós encontraremos amanhã cedo aqui nesse mesmo lugar.
Quando eu ia saindo gritasse:
__ Eu te amo
E logo respondo sorrindo:
__ Eu também te amo querido.
Sai como sempre com um aperto no coração e fui para a minha casa, tomei banho jantei e fui deitar nem vi a hora que meu pai chegou, fui acordando e ouvindo um barulho mas aqui estou de volta ao meu futuro até novas lembranças vim a minha mente...




Kátia Cilene

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