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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Lembranças de 1835

Eu estava dirigindo muito pensativa naquele dia, pensava muito na minha casa  que comprei próximo ao rio, na estrada vinha um rapaz em um belo cavalo
Negro e ele atravessou na minha frente, bati no moço, fiquei muito nervosa sozinha ali na estrada e ninguém passava naquele lugar, quase sem forças arrastei aquele rapaz até uma árvore e ufa, quase desmaiava ele era muito pesado, pensei se ele iria morrer e comecei a ficar mais aflita ainda, comecei a pensar se tinha feito bem ter comprado aquela casa naquele lugar, já que na fazenda do meu pai tinha um rio que sempre gostei de ir lá, mas algo me chamou atenção naquele jovem, parecia conhecelo ,eu devia está ficando pirada só podia ser isso, como conheceria aquele jovem se eu nunca tinha visto, mas peguei a minha cabaça que eu adorava e coloquei água na sua boca e ele foi acordando, fiquei pensando se ele não iria me bater ou coisa pior .Ele começou a tossir bastante e ficou sem ar ,coloquei a minha boca na dele e soprei o ar para seus pulmões, ele novamente tossiu e abriu os olhos, perguntou aonde estava e o que tinha acontecido, contei tudo a ele e ele se acalmou, olhou bem nos meus olhos e falou:
__ Não lembra mais de mim não?
__ Como assim ,eu ,eu...
__ Você precisa se acalmar!
__ Como é seu nome?
__ Para que saber meu nome, estou ficando confusa!
__ Certo eu não quero te deixar assim não, mas não me sinto bem!
__ Me leva para algum lugar jovem!
Eu o ajudei a entrar no meu carro e o levei para a minha casa, um estranho eu só poderia está ficando maluca, quando cheguei na casa o coloquei na poltrona da sala e ele ficou ali deitado e me  olhando, parecia não querer sair dali, mas eu falei para ele que precisava terminar de pintar um quadro e ele perguntou:
__ Você está pintando um quadro de alguém com quem você sonha desde criança?
Parei e fiquei tremula como ele sabia tanto de mim e não tive coragem de falar que não morava ali, pois naquele lugar eu só ia quando tinha que pintar meus quadros ou escrever algumas das minhas historias-me voltei e falei:
__ Vamos parar de querer adivinhar a minha vida que eu não gosto e acho que já estás melhor pode ir embora.
__ Ai ,ai ,estou muito tonto, vou vomitar moça sem nome!
__ Calma,venha,venha comigo, pode deitar na minha cama e ficar aqui o tempo que precisares não ia falar, mas não moro aqui não ,eu vou voltar para a fazenda do meu pai e você fique aqui.
Quando ele entrou no meu quarto ficou olhando tudo, parecia conhecer aquele lugar melhor que eu ,deixei aquele homem tão bonito na minha cama e fui até a cozinha preparar uma sopa de legumes para ele e fiquei mais nervosa quando ele falou que sempre gostou daquela sopa ,meu coração começou a bater forte e algo nele começou a me chamar atenção ,mas não falava nada ,ele mais uma vez me olhou e perguntou:
__ Tenta lembrar-se de  mim ,vou te dá uma dica posso?
__ Não, não pode não!
Eu não queria lembrar não sei por que e quando eu ia saindo ele falou:
__ Traga uma roda branca amanhã moça ,eu gosto delas pois me lembra de alguém que me dia quando criança que iria me esperar.
Foi ai que me voltei para ele e comecei a falar sem parar:
__Numa tarde fria, eu sai para colher  rosas, como era bom ficar ali naquela árvore que eu chamava de meu esconderijo secreto, sentava ali na grama verde e colocava alguns objetos para brincar e lembrava sempre das tuas palavras:
__ Você é muita criança.
Eu ficava tão triste e ao mesmo tempo feliz porque eu sabia que iria crescer e ficaria com você, minha irmã mesmo durona sorria , hoje eu vejo que ela não queria meu mau não apenas queria ser  amada já  que o nosso pai só me dava atenção e a ela nada, foi desprezada pelo teu amor ,mas nós não tivemos culpa desse  amor não já estava escrito em nosso destino que em quantas vidas fossem permitidas a nós viver iriamos ficar juntos, mesmo com as dificuldades e tantos obstáculos, lembro da minha bonequinha de pano que minha vó fez eu brincava com ela e a chamava de bruxinha linda,eu pequena e sentia quando alguém de mim se aproximava, ouvi tua voz:
__ Criança não pode ficar só aqui na mata não.
__ Eu fico, pois tenho alguém que me protege.
__ Cadê essa pessoa?
__ Está aqui na minha frente.
Puxa! Você parou de falar e ficou me olhando e se aproximou perguntou o nome da minha boneca e eu falei, fiquei triste quando falou que ia viajar e eu tivesse cuidado, aproveitasse meu tempo de criança para brincar e perguntei:
__ Você ainda vai voltar?
E sorrindo me respondesses:
__ Claro que sim linda criança, cuidado na tua irmã ela parece ser muito má.
Quando você ia saindo eu falei:
__ Eu vou está  te esperando!
Quando você saiu, fiquei triste e chorei, só de pensar que não voltarias, mas o tempo foi passando e sempre com a esperança da tua volta, quando foi um dia eu sai para brincar com meu cachorro malhado e meu pai disse que eu ficasse por perto, a minha irmã pediu a ele para brincar comigo e ele deixou ,ela me olhou e disse que nunca irias voltar, apareceria um monstro para me pegar e faria que me odiasse-se chorei com medo e tive febre,eu não gostava mais de sair de casa ,meu pai desconfiou da minha tristeza e perguntou se tinha sido ela, mas ela me olhou e eu fiquei calada, ele a pegou pelo braço e bateu. Contava os dias para você voltar e quando voltou, com algum tempo eu já estava grandinha e começamos a nos encontrar no rio, aliás eu nunca deixei de ir ao rio.
__ E porque fingiu que não sabia quem eu era?
__ Eu não posso me encontrar mas com você não ,meu pai disse que eu fingisse que não te conhecia se não ele mandaria te matar, mas o que deu em seu coração de atravessar meu caminho?
__ Quer fingir que não me conhece minha borboleta branca?
__ Eu quero que você viva, mesmo que seja longe de mim!
__ Seu pai comprou essa casa para você eu tenho certeza que foi ele!
Ai! Como foi horrível aquele dia eu queria sumir de verdade, mas corri até o outro quarto e comecei a chorar, chorava tanto que nem vi o tempo passar. Eu ouvi uma voz grossa a gritar:
__ Sinhá! Branquinha!
Eu fiquei nervosa e corri até a janela era um dos escravos da fazenda, falei que já estava descendo para ir para casa e ele falou que iria me esperar. Eu fui até o quarto e falei para aquele homem lindo que estava indo para a minha casa, ele ficou a me olhar e disse:
__ E se eu passar mal aqui sozinho posso  até morrer!
Sai dali chorando e sorrindo, abri a porta e falei para aquele homem em pé e desconfiado na porta que estava muito doente para voltar para casa, tinha batido o carro e iria passar aquela noite ali sozinha mesmo. Ele me olhou e disse que eu enfrentaria o meu pai no outro dia, pois ele estava uma fera, e virei , fechei a porta. Quando voltei para o quarto perguntasses a mim o porquê de ter voltado, eu respondi que não queria que passasses mal por minha causa. Levei-te para tomar banho, mas ao passar da porta eu não tinha visto que o escravo estava ali e voou em cima de você com uma faca afiada, e enfiou em você eu gritei e bati nele ,ele caiu no chão e meu vestido ficou sujo com o teu sangue e você caiu .Ficou sem sentidos e eu falei muitas coisas para aquele homem que só fazia tudo que meu pai mandava, então falei que se ele falasse algo em minha casa eu falaria que ele tentou me beijar a força, o mesmo saiu dali morrendo de medo .Mas uma vez fui cuidar de teu ferimento ,eu só lembro que saia muito sangue ,mas consegui fazer parar eu e você começamos a nos beijar...

Kátia Cilene

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