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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Pensando em 1835



Só escuto o barulho dos cavalos e das ferragens, pessoas apressadas trabalhando sem parar, que casa enorme era a que eu vivia, ao lado tinha como eu  fugir para o rio lugar encantador, aonde eu esperava sempre o meu amor, a minha irmã já tinha morrido é o que lembro no momento, e triste eu vivia lembrando dela e pensando na sua morte que aconteceu de forma tão misteriosa, não me conformo com o que aconteceu, mesmo sendo tão difícil não merecia ter morrido e ser encontrada no rio, fico agoniada e escrevo sempre que lembro de algo, tudo que digito aqui são lembranças que eu nem sei se existiram, mas algo forte me impulsiona a sentar e digitar sem parar e quando paro sinto um alivio na alma,eu choro e fico triste, sinto saudades desse lugar, parece que vivo lá e cá ao mesmo tempo.
__ Papai eu quero ir à rua com o senhor!
__ Não pode filha, falaram que está tendo um movimento estranho lá.
__ Movimento de que?
__ Não vai não, fique com a ba!
Eu chorei e fui para meu quarto, peguei a minha caixinha e comecei a olhar as fotos de mamãe e da família, sentia tanta falta de todos, principalmente da minha mãe que nem cheguei a conhecer e se cheguei não lembro, as  lagrimas vinham a meu rosto sem parar e chegava a soluçar, mas a minha esperança ainda era saber que eu tinha meu coração guerreiro comigo para acalentar a minha dor, meu habibe era tudo o que eu tinha, cheguei na janela do quarto e não vi meu amor, já era hora marcada todas as dez da manhã, cinco da tarde e dez da noite nos encontrávamos as escondidas, cinco da manhã muitas vezes nos víamos também, fiquei preocupada e chamei a ba,essa chegou preocupada comigo,eu não conseguia entender o que tinha acontecido uma nova etapa das minhas lembranças.
__ O que houve ba, fale por favor, porque choras?
Ela soluçava e eu  perguntava o que tinha acontecido, até que a mesma falou:
__ Seu pai senhorinha, ele foi atacado por alguém e estão falando que foi aquele homem que comanda os muçulmanos.
__ Não ba você deve ter ouvido errado, ele nunca faria mau a meu pai e nem a minha família não,eu quero vê meu pai me leve lá chame o Sebastião.
__ Ele está sobre cuidados médicos, não saia logo, logo ele Volta, temos que ficar aqui menina.
__ Eu vou sim ba e chame aquela moça que papai deixou para me fazer companhia,eu não aceitei mas vejo que preciso dela agora.
Mas nesse momento aquele homem alto chegou na minha fazenda e chamou pelo meu nome,eu queria lembrar do meu nome a minha cabeça dói mas não consigo lembrar de nada, só sei que corri e ele vinha com meu pai, fiquei feliz e corri ao seu encontro.Eu só lembro dessas palavras daquele amigo dele:
__ Seu pai é teimoso minha filha, os servos levaram meu pai para o quarto e eu subi para ficar com ele.
__ Filha me prometa algo!
__ O que meu pai que quer que eu prometa?
__ Prometa que nunca mais vai se encontrar com aquele selvagem.
__ Papai o senhor quer que eu minta meu coração não quer isso e sei que não foi ele que atirou no senhor não.
__ Calma  coronel, a menina está nervosa, descanse ela não vai mais falar com ele não, vou ficar de olho nela.
__ Certo, fique de olho nela e nele, filha acredite em mim.
Eu lembro que sai daquele lugar muito revoltada, sabia que não tinha sido meu rei Sol, era assim que eu o chamava, fui dormir, mas antes por costume fui a janela e quando olhei lá estava ele com aquele chapéu na mão,fiz um sinal para ele se esconder e sai de fininho sem que ninguém percebesse, mas de uma coisa eu lembro sabia fugir dali como ninguém, cheguei na mata escura, e eu o vi ali em pé.
__ Porque está me olhando assim, acha também que eu atirei no seu pai vida.
__ Claro que não foi você, sei que por mim não faria isso.
__ Por um instante cheguei a pensar que não fosse acreditar em mim.
__ Vejo que duvidas do meu  amor, vamos fugir,eu quero ficar com você me leve daqui antes que aconteça o pior comigo.
Naquele momento ele me abraçou prometendo que assim que resolvesse tudo iriamos embora daquele lugar, eu fiquei feliz e o abracei forte, sentia seus lábios nos meus e ali mesmo quase adormeci nos braços do meu grande amor.
__ Eu estou muito nervosa, se não for para ficar com você eu prefiro morrer.
__ Não fale assim, eu morreria sem você senhorita.
__ Mas está tudo tão difícil que chego a pensar que já estou morta a um bom tempo.
__ Claro que não, estás viva comigo aqui agora, não pense assim um dia ficara eu ,você e nossos filhos, tem que não deixar ninguém notar que estão ai dentro de você, prometo que antes da barriga crescer já estaremos longe daqui.
__ Eu sei vou fazer de tudo para não perceberem, mas apresse eu não aguento mais ficar distante de você não.
__ É o que você quer realmente ficar comigo e renunciar a tua família, o sobrenome nobre que tens?
__ De que adianta sobrenome nobre se eu não ficar com meu rei, eu prefiro a morte mil vezes que ficar sem os teus carinhos.
__ Eu quero que pare de falar assim agora moça.

Naquele momento senti meu coração bater forte e voltei para casa, na cama deitada pensava em quando eu era criança e falava sempre para ele que um dia ficaria junto e o mesmo ria e falava que não gostava de criança, eu ria só de pensar que ele estava sim comigo. Nesse momento posso-me vê   ali levantando cedo e passando as mãos nos moveis antigos ,olhando os quadros com fotos e um tempo que sei que sinto em mim,aos poucos retorno ao meu futuro ou ao meu passado eu não sei.


Kátia Cilene

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